TROVAS DO TRINCO DA PORTA

"Férias 2020"

Caminhei de Castelo Branco

Pra minha mansão de família,

Num dia de calor e de pranto,

Levando comigo a mobília.

Atrás de mim o fogo ficou

Com aldeias em sobressalto

Porque o demo amaldiçoou

Quem delas percorre o asfalto.

Claro dia de sol ardente

Com o corpo pedindo água

Passo as horas como toda a gente

Alternando a ânsia co´ a mágoa.

Seis léguas, que foram passadas

Em conversas d´oportuna ideia,

Notícias mil bem renovadas

Da minha longínqua aldeia.

Por entre verdes arvoredos

Desci a encosta da mansão

E franqueei as portas e os medos

Com as chaves da minha mão.

Surge a surpresa costumeira

No debate co´ s trincos da porta,

Resta uma angústia passageira

A que o intuito por vezes exorta.

Quase a rondar o nervosismo,

Num receio em vias de facto,

Oleou-se tudo em conformismo

Num open-sésamo imediato.

Nestes versos em forma de trova

Com rebordões tradicionais

A paciência é a melhor prova

Para estes momentos finais…

E agora cá estamos chegados

Para umas férias em bom termo

Nestes lugares tão afamados

A que chamam “terras do demo”.

Terras do Demo e de Aquilino,

Cada courela é sempre estranha

Com largo suor e o sol a pino

Entre as planícies e a montanha!

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 29/07/2020
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