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"Pra lembrar a gente precisa primeiro esquecer,
e isso eu não posso nunca.”  
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José Mauro de Vasconcelos
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José Mauro de Vasconcelos (1920/1984) 
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Foi um escritor brasileiro natural do Rio de Janeiro (RJ), autor de Meu Pé de Laranja Lima, obra que se tornou um clássico da literatura brasileira. José Mauro nasceu de família nordestina, que migrara para São Paulo. Os pais tinham tão poucos recursos que ele, ainda criança, teve de se transferir para o Nordeste, onde foi criado pelos tios em Natal. Ingressando na Faculdade de Medicina da capital potiguar, abandonou o curso no segundo ano, retornando ao Rio de Janeiro a fim de conseguir melhores oportunidades. Ali, trabalhou como carregador de bananas em uma fazenda do litoral do estado, instrutor de boxe e, devido ao belo porte físico, até garoto de programa. Há uma estátua sua, do escultor Bruno Giorgi, no Monumento à Juventude, na antiga sede do Ministério da Educação. Em São Paulo, foi garçom de boate. Obteve uma bolsa de estudos na Espanha, mas não suportou a vida acadêmica. Abandonou os estudos depois de uma semana, preferindo correr a Europa. A atividade mais importante que exerceu foi junto aos irmãos Villas-Bôas pelos rios da região do Araguaia, conhecendo o ambiente inóspito e lutando pelos índios. Quando cresceu e se tornou adulto, lançou o seu primeiro livro, o romance Banana Brava, de 1942, onde reflete o mundo dos homens do garimpo. Mas a obra não alcançou bons resultados na época, apesar de algumas críticas favoráveis. Rosinha, Minha Canoa, de 1962, marca seu primeiro sucesso. No livro Meu Pé de Laranja Lima, de 1968, seu maior sucesso editorial, serve-se de sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida. Foi escrito em apenas 45 dias. José Mauro de Vasconcelos tinha nas veias sangue de índia e de português. Nasceu em Bangu, bairro do Rio de Janeiro, e passou a infância em Natal, onde foi criado com muito sol e muita água. Aos nove anos de idade aprendeu a nadar, e com prazer relembrava os dias de contentamento, quando se atirava às águas do Potengi, quase na boca do mar, a fim de treinar para as provas de grande distância. Com frequência ia mar adentro, protegido por uma canoa, porque a barra de Natal estava sempre infestada de tubarões. Ganhou vários campeonatos de natação e, como todo garoto, gostava de futebol e de trepar em árvores. Mas o esporte não constituía sua única preocupação. Depois do primário, aos 10 anos de idade já cursava o primeiro ano do curso ginasial, que terminou cinco anos mais tarde. Nessa época, já gostava dos romances de Graciliano Ramos, Paulo Setúbal e José Lins do Rego. Depois do ginásio, os estudos de José Mauro como autodidata foram sempre feitos à base de trabalho. Seu primeiro emprego, dos dezesseis aos dezessete anos, foi treinador de peso-pluma; recebia 100 cruzeiros (velhos) por luta no Rio de Janeiro, pois aos quinze anos saíra de Natal para ganhar o mundo. No Estado do Rio, trabalhou numa fazenda em Mazomba, perto de Itaguaí, carregando banana. Depois, foi viver como pescador no litoral fluminense, onde não ficou por muito tempo, partindo em seguida para o Recife. Ali, exerceu o cargo de professor primário num núcleo de pescadores. Da capital pernambucana, José Mauro saiu para começar incessante vai-vem, do Norte ao Sul, e vice-versa, permanecendo um pouco em cada lugar, para em seguida enveredar pelo sertão e viver entre os índios. Dotado de prodigiosa capacidade inata de contar histórias, possuindo fabulosa memória, candente imaginação e com uma volumosa experiência humana, José Mauro não quis ser escritor, foi obrigado a sê-lo. Os seus romances, como lavas de um vulcão, foram lançados para fora, porque transbordava de emoções. Ele tinha de escrever e de contar coisas. O autor de belos romances tinha método originalíssimo. De início, escolhia os cenários onde se movimentarão seus personagens. Transportava-se então para o local, onde realizava estudos minuciosos. Para escrever Arara vermelha, percorreu cerca de 450 léguas no sertão bruto. Em seguida, José Mauro dava asas à sua fantasia e, na imaginação, construía todo o romance, determinando até mesmo as frases da dialogação. Tinha uma memória que, durante longo tempo, lhe per­mitia lembrar dos mínimos detalhes do cenário estudado. "Quando a história está inteiramente feita na imaginação", revelava o escritor, "é que começo a escrever. Só trabalho quando tenho a impressão de que o romance está saindo por todos os poros do corpo. Então vai tudo a jato".
"Escrevo meus livros em poucos dias. Mas em compensação passo anos ruminando ideias. Escrevo tudo a máquina. Faço um capítulo inteiro e depois é que releio o que escrevi. Escrevo a qualquer hora, de dia ou de noite. Quando estou escrevendo entro em transe. Só paro de bater nas teclas da máquina quando os dedos doem. Só aí percebo quanto trabalhei. Sou um cara capaz de varar dias escrevendo até a exaustão."   ”
Com o seu sistema de ficar dormindo na pontaria até que o livro todo estivesse "escrito" na imaginação, contava José Mauro que, ao pôr-se em ação, na fase material de bater à máquina, tanto fazia escrever os capítulos, um após outro, como dar saltos. "Isso", explicava o escritor, "porque todos os capítulos estão já produzidos cerebralmente. Pouco importa escrever a sequência, como alterar a ordem. No fim dá tudo certinho". Artista do cinema e da televisão, José Mauro trabalhou em diversos filmes, como Modelo 19, que lhe valeu o prêmio Saci como melhor ator coadjuvante, Fronteiras do Inferno, Floradas na Serra, Canto do Mar, do qual escreveu o roteiro, Na Garganta do Diabo, obtendo o prêmio Governador do Estado como melhor ator, A Ilha, conseguindo o prêmio de melhor ator pela Prefeitura, e culminando com Mulheres & Milhões, sendo laureado com o Saci de melhor ator do ano. Dos seus livros, Meu Pé de Laranja Lima, Vazante e Arara Vermelha foram filmados, assim como "Rua Descalça".... José Mauro morreu de broncopneumonia, em 24 de julho de 1984, aos 64 anos,em São Paulo. Está sepultado no Cemitério do Araçá. Conquanto dono de uma literatura leve e agradável, tendo feito grande sucesso junto ao público, a importância do trabalho de José Mauro não é devidamente reconhecida no Brasil mas seus livros são de literatura típica brasileira. A crítica francesa Claire Baudewyns afirma que há em suas obras algo que uma poesia particular, nascida da alquimia entre o mundo real e o mundo imaginário. José Mauro partiu mas deixou um vasto e reconhecido acervo de vinte e uma obras publicadas entre os anos de 1942 a 1979.
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A TROVA DO DIA - CDXIV

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"RAÍZES"
AgoraVale
  As horas voam, o tempo passa,
  A gente vai mas logo aparece, 
Acho ser saudade que abraça,
Um amor que não se esquece.
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N.A.: "A TROVA DO DIA" é um projeto de publicação em série de quadras poéticas de minha autoria por tempo indeterminado. Apesar de não ser considerado pelas regras literárias, as minhas trovas são identificadas por títulos e algumas delas não obedecem as sete sílabas por estrofe. No entanto, todas terão as rimas e as mensagens como objetivo principal neste trabalho. Na realidade, nessas apresentações, os meus textos deveriam ser classificados como "quadras poéticas", mas preferi identificar o meu projeto com títulos e não com números, como seria o caso. 
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Abraços
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Interações (meus agradecimentos):

31/05/20 21:46 - Luciênio Lindoso
E se o tempo não passasse
A saudade não existiria
E se o amor se perpetuasse
Ninguém mais sofreria.  
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31/05/20 22:11 - Edras José
Somente o tempo pode extrair,
As raízes aprofundadas estão,
Certamente da alma faz sumir,
Toda forma de sofrimento vão. 
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01/06/20 00:49 - Najet Cury
Nem duvide que o tempo
Marca o amor vivido
Tão intenso que o momento
É, pela saudade, vencido!
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01/06/20 10:50 - Antônio Souza
Saudade de um amor vivido
Deixa tristonho o coração
Momento q' foi compartido
Com amor e grande devoção. 
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01/06/20 11:51 - Joselita Alves Lins
Se for bom e aprazível
Não causar nenhuma dor,
Um amor é memorável
Para quem é sonhador. 
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04/06/20 14:59 - Cleir
Bem no fundo de minh'alma
Um amor era escondido
A saudade traz a calma
Me levando a tempos idos.
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POETA OLAVO
Enviado por POETA OLAVO em 31/05/2020
Reeditado em 04/06/2020
Código do texto: T6963992
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