Trovas Clássicas

Antonio Augusto de Assis

Quanta lição de humildade

Dá-nos a estrela que assume,

A meiga simplicidade

De um pequeno vagalume!

Meus sonhos estão murchando.

A vida é desespero... anciã!

-------Meu Deus, estou precisando

De uma transfusão de infância!

Agora, minha querida,

É tarde, tarde demais...

Não posso dar-te uma vida,

Que não me pertence mais!

Alberto Isaias Ramires.

A minha casa pequena,

Modesta embora, é querida,

Há nela a doce e serena

Paz que eu almejei na vida!

Por nascer pobre, o Divino,

Num gesto compensador,

Despertou em meu destino,

A lira de trovador.

Antonio Geraldo Ramos Jubé.

Você já disse tudo!

Agora escute meu bem;

Sossegue um instantezinho.

Para que eu fale também.

Você vá a minha terra

(de onde, um triste vim)

e-----por Deus! ----nada responda,

se alguém perguntar por mim...

Abílio de Alvarenga Lessa Filho.

Não é defeito ser mudo,

Pois que ela, sem perceber,

Num olhar me disse tudo

Que a boca não quis dizer.

A semelhança é bem pouca

Dos nossos beijos então;

Os seus só nascem da boca

Os meus vêm do coração...

Alberto Dutra de Resende.

Justiça que é cristalina

Certa, sábia imparcial,

Só a justiça Divina

No julgamento final.

Não te entristeças

Se acaso te difama

----A garça é branca e, no charco.

Jamais se suja de lama.

Adauzira Bittencourt.

Não exijas que lhe guardem

O segredo que contou

Se nem você conseguiu

Guardar o que revelou!

A beleza é uma caveira,

Com luxo gala vestida,

Que se desfaz em poeira,

Num leve embate da vida

A ira ou o ódio é que estraga

E enferruja o coração.

É um vento mau que apaga

Até a luz da razão.

Do Livro Trovadores do Brasil.

Lair Estanislau Alves.