A HIPOCRISIA

------- I --------

Manchado é o teu ‘manto’

E transparente não é o teu ‘véu’.

Astuto, eis que provoca pranto,

E nunca terá vez lá no céu.

-------- II -------

Brinca de ser alguém muito agradável,

Transparece aquilo que não é.

Por fora, mostra-se ‘seda’ e por dentro, miserável.

E só enxerga o seu próprio pé.

------- III -------

A língua, veneno de cobra,

O coração de tão duro, dá nó.

Soberba é o que tem de sobra,

Mas o fim será sempre o pó.

-------- IV -------

Vive como verdade, as suas mentiras,

Come sardinha e arrota caviar.

Suspira desejos cheios de iras,

E conspira maldades, sem aliviar.

-------- V -------

Semblante sonso e mascarado.

Astuto como a serpente,

E no seu íntimo, amargurado.

Sorriso largo, mas prepotente.

-------- VI -------

Distância, queremos dele.

Pois nele verdade não há,

Quem vive junto com ele,

Sente na pele o que existe lá.

Ênio Azevedo

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 06/04/2020
Código do texto: T6908324
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