Volta ao Mundo com Judith (XIX)
Nosso derradeiro destino no Índico é a ilhota de Tromelin, com seus 0,8 km2 de território, e uma história apaixonante de sobrevivência de náufragos, ainda na segunda metade do século XVIII.
Quase plana, no formato de uma semente de girassol, vegetação escassa e pouca água, dela um grupo de entre 60 e 80 escravos malgaxes, sobreviventes de um naufrágio, tirou sustento e abrigo por quinze anos, até que viesse afinal o resgate. Aves marinhas, tartarugas formaram a base de sua alimentação.
Tudo começou quando, em 1761, o inescrupuloso capitão La Farge, da embarcação francesa Utile, contrariando ordens governamentais em Madagascar, embarcou cento e sessenta escravos para vender em mercados asiáticos. Ao aproximar-se da ilha navio acidentou-se num dos recifes que a cercam uma boa parte da tripulação e da carga humana pereceu sob as águas.
Com os destroços os marinheiros conseguiram reconstruir um bote e partiram para a ilha de Maurício, a 550 kms de distância, com a promessaresgatar os escravos remanascentes.
Malgrado as objeções do Governador de Maurício, ao cabo de 15 anos realizou-se uma missão de resgate, sob a iniciativa humanitária do capitão Jacques Marie de Tromelin e encontrou oito sobreviventes, sendo sete mulheres e um menino de oito meses.
Uma visão aérea da ilha nos dias de hoje, cujo traço mais visível é um campo de pouso de terra batida em seu centro, dá a noção de sua desolação e das adversidade extremas à sobrevivência, bem como fornece relevantes subsídios à imperiosa organização comunitária para superar esse desafio.
Recentes escavações feitas na ilha evidenciam as muitas razões desse milagre e revela, quiçá - questiona-se - a maior habilidade das mulheres em questões extremas de sobrevivência.
Tromelin é mantida pelo Governo francês como um centro de pesquisas meteorológicas e de vida marinha, com uma tripulação temporária de 4 pesquisadores.
Na esperança de que Judith esteja nos acompanhando ao vivo, de sua residência na Alemanha, a pergunta que eu gostaria de compartilhar com ela e com o leitorado que me acompanha é...:
- Quem seria o pai da criança...?