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"Precisamos trazer nossas vozes para reconstruir."
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Ana Maria Gonçalves (1970/..)
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É uma escritora, romancista e publicitária brasileira natural de Ibiá (MG). No final dos anos 1970, uma professora de pré-escola da cidade de Ibiá, interior de Minas Gerais, pediu que as crianças copiassem frases nos cadernos de caligrafia. Conforme o esperado, “Vovó viu a uva” e jargões correlatos se multiplicaram pelos cadernos. Mas em um deles estava copiada a carta-testamento de Getúlio Vargas. A professora chamou a menina e perguntou se ela sabia o que tinha escrito. Ana Maria Gonçalves, aos seis anos de idade, respondeu que adorava aquela carta. A escritora de 50 anos, que hoje lê cerca de cinco livros por semana, sempre foi voraz. Jornais, revistas, ficção, história, devorava o que era permitido a ela, mas também os livros que a mãe reservava nas prateleiras mais altas da estante. Já adulta, perto dos 30, sentiu aquilo que Grada Kilomba chamou “fome coletiva por nossas vozes, escrita e recuperação de nossa história escondida”. Para se saciar, trabalhou durante cinco anos em Um defeito de cor, lançado em 2006 pela editora Record, já na 15ª edição. Residiu em São Paulo por treze anos até se cansar do ritmo intenso da cidade e da profissão. Em viagem à Bahia, encantou-se com a Ilha de Itaparica, onde fixou moradia por cinco anos e descobriu sua veia de ficcionista, passando a se dedicar integralmente à literatura e ao multifacetado universo cultural da diáspora africana nas Américas. Sua estreia no romance se dá em 2002, com a publicação de Ao lado e à margem do que sentes por mim – “livro terno, íntimo, vivido e escrito em Itaparica”, segundo o depoimento de Millor Fernandes. O texto teve circulação restrita, em primorosa edição artesanal. Em 2006, a autora torna-se conhecida em todo o país com o lançamento de Um defeito de cor, narrativa monumental de 952 páginas. O romance encena em primeira pessoa a trajetória de Kehinde, nascida no Benin (atual Daomé), desde o instante em que é escravizada, aos oito anos, até seu retorno à África, décadas mais tarde, como mulher livre, porém sem o filho, vendido pelo próprio pai a fim de saldar uma dívida de jogo. O texto dialoga com o modelo pós-moderno da metaficção historiográfica e remete às biografias de Luiza Mahin – celebrada heroína do Levante dos Malês, ocorrido em Salvador em 1835 – e do poeta Luiz Gama – líder abolicionista e um dos precursores da literatura negra no Brasil, também vendido como escravo pelo próprio pai. Um defeito de cor conquistou o importante Prêmio Casa de Las Américas de 2006 como melhor romance do ano. Após residir alguns anos em New Orleans, nos Estados Unidos, Ana Maria Gonçalves retornou ao Brasil em 2014, fixando-se novamente em Salvador. Mesmo fora do país, esteve sempre presente e atuante nos debates públicos envolvendo a questão étnica no Brasil. Por ocasião da denúncia de racismo no livro As caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, produziu diversos artigos sobre o tema e manteve acesa a polêmica, que envolveu diversos intelectuais, entre eles o cartunista Ziraldo. Mais tarde, quando das reações a um comercial de televisão da Caixa Econômica Federal, em que a representação de Machado de Assis era feita por um ator branco, novamente a escritora veio a público e se uniu aos protestos que redundaram num pedido de desculpas da CEF e na produção de outra peça, agora com um ator negro. Dotada de aguçada visão crítica quanto às relações sociais vigentes e solidária com os estratos subalternizados da população, Ana Maria Gonçalves vem participando de inúmeros debates no Brasil e no exterior. Além disso, faz da Internet e das redes sociais um importante meio para trazer a público seus questionamentos em textos marcados por poderosa argumentação. Seu projeto literário não abdica, pois, de a todo instante provocar a reflexão do leitor quanto às condições históricas que levam à permanência da desigualdade, do racismo e de demais formas de discriminação. Entre outros projetos, finaliza no momento romance voltado para o público juvenil, mas com a mesma perspectiva crítica de nossas mazelas sociais que vem se tornando a marca registrada de seus escritos.
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A TROVA DO DIA - CCCXI

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"CÁRCERE"
2Q==

Eu quero colocá-la sim,
Numa acolhedora prisão,
Trazê-la inteira pra mim,
Pra habitar meu coração.
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N.A.: "A TROVA DO DIA" é um projeto de publicação em série de quadras poéticas de minha autoria por tempo indeterminado. Apesar de não ser considerado pelas regras literárias, as minhas trovas são identificadas por títulos e algumas delas não obedecem as sete sílabas por estrofe. No entanto, todas terão as rimas e as mensagens como objetivo principal neste trabalho. Na realidade, nessas apresentações, os meus textos deveriam ser classificados como "quadras poéticas", mas preferi identificar o meu projeto com títulos e não com números, como seria o caso. 
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Abraços
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Interações (meus agradecimentos):

18/02/20 01:10 - Verdana Verdannis
Vivo numa prisão voluntária
Desconhecendo a solidão
Se um dia fui solitária
Hoje vivo uma grande paixão.  
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18/02/20 01:41 - Joselita Alves Lins
Presa em teus braços estou,
desde o dia que me laçaste;
com laço vermelho de amor
e nunca mais me deixaste. 
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18/02/20 09:54 - Antônio Souza
Faço do meu coração teu presídio
Para contigo o tempo todo ficar
Pra ti recito o meu melhor idílio
Penso em tudo pra melhor te amar. 
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18/02/20 14:58 - Uma Mulher Um Poema
Eu estou presa a você,
Nesse amor tão bonito,
Jamais vou te esquecer,
Na felicidade que construímos.  
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POETA OLAVO
Enviado por POETA OLAVO em 18/02/2020
Reeditado em 18/02/2020
Código do texto: T6868585
Classificação de conteúdo: seguro