EM VERSOS DE ORDEM!
Com o punho apertado
Ergo o brado em resistência...
Mas meu pulso acelerado
Verte sangue à dormência.
-Somos todos resistência!
O meu grito é antológico
Lanço verso ao regresso:
E em franco manifesto
Repudio o retrocesso.
-Somos todos resistência!
Na absoluta desordem
Faces da mesma carência
Por um tempo de má sorte.
-Somos todos resistência!
Vítimas da indecência!
Somos palavras de ordem:
Mas corrompidos...somos fortes?
Somos vida abandonada
Todo juntos,qual consortes!
Derrubados nas calçadas
Carregados pelas mortes.
-Somos todos resistência!
Nos semáforos das estradas...
Pela infância malograda
Consciência está drogada.
-Somos franca violência!
Todas elas replantadas
Nas professadas falácias
Revertidas em desgraças.
Nossas vidas desprezadas!
-Somos todos resistência!
Pelo tempo decorrido
Somos vidas descartadas...
Nas esquinas, mortos-vivos!
-Perdemos o auto-domínio!
A mesma vida de gado:
Somos versos em cabresto...
Carregamos muitos fardos,
E morremos sem apreço.
-Nosso tempo não tem preço!
-Somos todos resistência!
E seguimos sem sentido...
Todos obnubilados
Pelos mantras exercidos.
- E nos sentimos agradecidos!
-Somos todos resistência!
Pela vida em decadência
Belo chão que sem escola
Segue a vida só de esmola.
-Somos todos resistência!
Dor holísitca “modulada”
Dentre tantas as feridas
Nenhuma nos é curada.
-Somos todos resistência!
Na poesia aguerrida
Somos versos em vigência
Pelo púlpitos só perdida
Bala que nos atormenta.
Somos todos resistência!
Breve estamos de partida
Veredicto da sentença?
Nova bala é proferida.
-Somos todos resistência!
Nosso anseio é “empoderado”...
Mas seguimos na querência:
Ao futuro aniquilado!
-Nos devolvam o roubado!
-Somos todos resistência...
Sociedade em delírio
Mas seguimos na indigência:
Todos sem real sentido.
-Por um digno veredicto!
-Somos todos resistência!
Só o tempo não resiste
Ao tudo que foi ceifado
Com a corrupção em riste!
-Hoje somos todos tristes!
Tal doença não tem maca
-Somos todos resistência!
A sentença é macabra:
Morte certa...sem clemência.
-Somos todos resistência!
Ao tudo que nos furtaram...
Sobrevivemos de algemas
Pós canhões que nos miraram.
-Somos todos resistência!
Nos sentimos tão libertos...
Na falta de consciência
Somos nossos réus confessos.
-Somos todos resistência!
Mantra em partido alto:
Mas... tombamos nossas vidas
Num cenário em rescaldo.
-Somos todos negligência!
Hoje temos que escolher
Um dos polos tortuosos
O que já nos fez sofrer
Ou o roubo deste solo?
-Somos leda resistência!
Sem progresso e em desordem
Ao meu povo resistente,
Grito o meu verso de ordem:
-SOMOS DOR RESILIENTE!
Eu conclamo o sofrimento
Desse mantra em poente...
Ergo o punho a um sol nascente.