Comia o Americano...
E parecia a coisa mais natural. Em plena Praça Sete, o coração de Beagá, pelo menos naqueles meados dos anos setenta em que, chegando já moído ao fim da jornada, eu cometia essa ação tão ansiada...
E à vista de todo mundo, sem o menor pudor. Afinal, embora ainda aluno, era mais professor. E vinha de longe, de Contagem, mas ainda cheio de esperança e de coragem. Ou voragem?
E daquele mágico momento, que performava (pois é já importamos essa palavra, agora verbalizada), confesso até que nel mezzo del camin - agora sim, citando Dante - o antegozava. E ninguém, já me vendo em cena, reprovava quando, quiçá, não invejava.
Nosso ponto de encontro era o Ted's. O Ted's da Praça Sete, sempre depois das onze e acho que nunca após meia noite. Eu tinha um ônibus para pegar, pois do fusquinha já me havia desfeito.
E eu não variava, não tergiversava, enquanto no banquinho junto ao balcão me assentava. E era um Zezim, conterrâneo de Pitangui, que solícito me atendia. Sabia bem o que eu comia.
E o Americano colocava-se quase no topo da escala dos sanduíches, em preço e apreço. Fiel, leitor, crê, eu ainda nem sabia o que era um croc-monsieur...