TROVAS DE ESTRANHO ENIGMA
O ser ou não ser um “polvo”
É uma história mal contada,
Paciência cheia como um ovo
E ninguém aguenta a parada.
Por ser ou não ser campeão,
Não é aí que está o estorvo;
Se o é, não há justificação
O ser ou não ser um polvo.
Até Ceuta, e há muitos anos,
Zarpou uma célebre Armada
Só que, para certos maganos,
É uma história mal contada.
De aventura em aventura,
Mesmo sem grande renovo,
Vai ficando, em vil tortura,
Paciência cheia como um ovo.
Pra garantir a qualidade
Serve-se quente a dobrada
Mas diz-se mal, à saciedade,
E ninguém aguenta a parada.
Em vez de conservatório
Há “Casa de Música” cheia
Mas rebaixa-se o reportório
Fazendo da “Invicta” aldeia.
A Águia, essa, lá vai voando
Por vezes meia depenada,
Aqui e ali vai tropeçando
Com estranha rapaziada.
Lá prás bandas do Covil,
Que hoje ruge e amanhã mia,
Cirandam promessas mil
Que não passam de fantasia.
Junto ao Tejo, no Restelo,
Sopram brisas inesperadas
E emaranhado está o cabelo
Por ideias mal aviadas.
Se se ambiciona a Europa
Não se vê quem o deseja
Há gente a brincar co´ a tropa
Comprometida e com inveja.
Um tripeiro nunca se fica,
De uma ou doutra maneira,
Se a sua corda não estica
Põe de capacho a bandeira.
Ao lampião tanto se lhe dá,
Desde que sobrem consolos
Ganhar hoje ou amanhã
Engalha-se co´ a papa os tolos.
E o lagarto bem se acautela,
Espreitando a cada esquina,
Numa engenhosa barrela
Passa a mão co´ a brilhantina.
E os pastéis, à fartazana,
Enfileirando aos magotes,
Contentam-se destemperados
Em ir soprando aos fagotes.
Ser ou não ser um estigma
Dando folga à Liberdade
São trovas d´ estranho enigma
Com fumaça de novidade.
Não há dragão que resista
A um polvo camuflado
Mesmo feito malabarista
Ele está sempre tramado.
Se não faz pontos no sul
A culpa morre solteira,
Se esbraceja pelo paul
É morcãozisse de feira.
Há “apitos”, e coisa e tal,
A dançar de mão em mão
D´ Alvaláxia à Catedral,
Do Restelo até ao Dragão.
Os “negretes”, esses coitados,
Apitam conforme o vento
Não passam de remediados
Mesmo que tenham talento.
O «pé-na-bola» continua,
Numa enfadonha roleta,
Anda o azar de rua em rua
Em “saga” cada vez mais preta.
Azul, esverdeado ou vermelho,
A merecer um “amarelado”,
É um truque mais do que velho,
Diz o povo desenganado.
E co´ este “apito-dourado”,
Nesta labiríntica ronda,
Fica este assunto arrumado
Antes que o polvo s´ esconda…
Frassino Machado
In ODIRONIAS