PINTANDO O SETE...

São sete os raios de sol!

Que brotam na minha calçada,

Ao canto do mesmo rouxinol...

No início da mesma alvorada.

Percebo que estão apressados...

Florescem antes da primavera!

Seus cachos já dependurados,

Acenam à minha janela.

Não sei... não parecem os mesmos...

Talvez eu esteja enganada,

Mas sinto que os seus anseios,

Perderam-se na última invernada.

Balançam ao sopro do vento...

Suas flores meio desesperançadas,

Num sonho pediram-me alento...

-Que brilhem, viçosas...douradas!

Só sei que florescem há seis anos!

Efêmeros...mas maravilhosos...

Cochilam, mas só por engano!

E despertam amarelos e vistosos.

Se a brisa os afaga com força!

Atapetam o chão da calçada...

Um brinde àquele recanto,

Para alegria da garotada!

E se a chuva cai descuidada...

Suas lágrimas rolam molhadas!

Derramam as tristezas dos anos...

Lembranças que jazem apagadas!

São sete os raios de sol...

E não é conta de mentiroso!

São belos qual o arrebol!

Num entardecer montanhoso...

Ainda não os conhecia,

Ao ter meu segredo confesso...

Então, antes que morra o dia,

Repito mil vezes o meu verso:

Já disse: "Eu também sou Maria"!

E tudo aquilo que quero,

Consigo, ao pintar a poesia...

Dos meus... sete Ipês Amarelos.