ODE AOS CORRUPTOS
I
Um corrupto quando nasce...
Brota bem do raso chão
Sonha grande e assim que pode
Bota em tudo a sua mão.
II
Um corrupto quando cresce
Cresce sempre em comunhão
Enquanto tudo apodrece
Ao povo finge afeição.
III
Logo que ele aparece
Nem batata espalha ao chão!
A rama que lhe apetece
É a vida em regressão.
IV
Um corrupto eficiente
Tem que ter bom gogozão!
Num palanque inocente
Aos famélicos da ilusão...
V
Num tema incandescente
Bota tudo em convulsão
Sociedade decadente?
Quanto mais, melhor, que bão!
VI
Depois ri de toda gente
Que votou na intenção
E perdeu o voto premente
Ao que foi enganação.
VII
Não se engane, um bom corrupto
Nunca tem bom coração!
Rouba até a consciência
Do que nunca teve chão.
VIII
Um corrupto que se preza
Faz do todo o seu porão
Nobre rato que se eleva
Ao mais alto escalão.
XIX
Age sempre em aliança
Com todos os seus iguais
Sonha ser a liderança
Dos velhacos imortais!
X
Nunca tem um nome próprio
Codinome é seu padrão...
Entra logo em cada intróito
Pra sacar um dinheirão.
XI
Nunca mostra a sua cara
Na estética original...
Sua coroa imaginária
É moeda a todo mal!
XII
Apelido de corrupto?
Tá na lista em progressão...
Todos juntos diplomados
Pra roubarem a Nação.
XIII
Variedade de corruptos
Aqui temos de montão!
Desde a voz mais inocente
Até o douto do balcão.
XIV
Agem por baixo dos panos
Do cenário incandescente
Do tudo que não foi feito
Prometido aos carentes.
XV
Se o corrupto é seu amigo
É também da nobre onça...
Nunca mancha o seu currículo:
Rouba e não lhe presta conta.
XVI
Tem corrupto língua presa...
Mas sem freio em sua mão
Com discurso em gentileza
Já levou um dinheirão.
XVII
Livre o frênulo no discurso
Solta está a sagacidade!
De ganhar a vida à esquiva
Do trabalho à sociedade.
XVIII
Tem corrupto com botox!
Em tudo quanto é lugar
Tem botox até no bolso
Esticado pra roubar!
XIX
Tem corrupto boniteza
De nariz bem empinado...
Renda nobre, só francesa!
Povo paga abobalhado.
XX
Se ao povo falta o pão
As bananas e os brioches?
Em discurso a realeza:
-"Do" povo, dôo meus broches!
XXI
Botox na cara dura...
Com peroba já lustrada,
Botox até na bunda
Na cadeira engrossada...
XXII
Toda a farra que abunda
Em tudo quanto é lugar!
Desde a toca mais escura
Ao nobre parlamentar.
XXIII
O dinheiro da saúde...
Já trataram de embolsar
Na matança e como abutres
As carcaças a espreitar.
XXIV
Um corrupto que se preza
Tem planilha a faturar...
Só não diz ao vão da festa
Quantos conseguiu matar.
XXV
Um corrupto é cancro duro
Impossível de curar...
Só delata o obscuro
Pra poder continuar...
XXVI
Ao corrupto quando morre
Não se faz cova no chão...
No fedor putrefativo
Nem verme faz digestão.
XXVII
Não reeleja o seu corrupto...
Fique bem de prontidão!
Se respeite e sobretudo
Salve a nossa Nação.