SÃO VICENTE DE LISBOA
«Trovas a São Vicente»
São Vicente de Lisboa,
Antecessor de S. António,
Tua vida é canto que soa
Como ilustre património
Vieste das terras de Espanha
S. António foi para fora
Tua aventura tamanha
Foi de admirável aurora.
Tiveste culta educação
Nas ondas da Cristandade
Ofertaste teu coração
Desde muita tenra idade.
Deste exemplo de bravura
Com oração e desvelo
E com a maior ternura
Foste luz, foste modelo.
Não te perdoou Daciano
A tua atitude e dever
Obrigou-te em certo ano
A renegar ou a sofrer.
Qual aventureiro de Cristo
Optaste a todo o momento
Fazeres-te d´ Ele ministro
Arriscando o sofrimento.
Nenhum poder te vergou
Nenhum império te venceu
A Tradição consagrou
Teu milagre como troféu.
Os homens foram tiranos
Com o teu corpo desfeito
Mas até corvos ufanos
Foram para ti de respeito.
Defenderam-te do perigo
Levaram-te na brisa do mar
Procurando-te um abrigo
Onde fosses descansar.
Teus despojos milagreiros
À terra lusa chegaram
E até os rudes guerreiros
Tuas virtudes abraçaram.
Quem havia de dizer
Ser um rei Conquistador
O primeiro a se bater
Pra seres digno de louvor.
Os corvos teus companheiros
Foram tuas testemunhas
Numa barca de romeiros
Co´ a palma que empunhas.
Abençoaste este País,
Acabado de nascer,
Curando-lhe a cicatriz
Da Cidade a alvorecer.
Não tenhas pena da gente
De Santo António gostar
No fundo, tu vais à frente
Com tua estrela a brilhar.
São Vicente lá do alto
Proteges sempre a Cidade
Que adormece em sobressalto
Entre o Fado e a Saudade!
Frassino Machado
In TROVAS DO QUOTIDIANO