À TUTTI BUONA GENTE!

I

São Paulo, cidade ardente

Do encontro mais que ancestral!

Nos bairros a vida das gentes

Relembra o tudo imortal...

II

“*Se os senhores não estão lembrado!

Dá licença de aqui eu lembrá”

O recado tão bem versejado

Pra” tuti buona gente” cantá!

III

À minha colônia italiana

Da nona à querida madrinha!

Eu pulso meu verso que inflama

Fissuras pelas ruas e esquinas...

IV

Dum tempo que ido ao longe

Perene não quer desligar

O tudo que segue aonde

Meu verso consegue alcançar.

V

Palermo que trago no peito

Poesia em estreitas vielas

Aos sons da gaita em solfejo

Lhes soo a minha Tarantela...

VI

A cada alegria incontida

Na dança do se entrelaçar

Saúdo as sagradas “famiglias”

Seu todo aconchego do lar...

VII

E pelo teatro da História

Que Sampa continua a encenar

O da imigração Italiana

Aqui eu o quero aclamar!

VIII

Bexiga da noite ilustrada

Com flashes de luzes neons!

De árvores tão agigantadas

Silentes, é perene canção...

IX

Do nono a mexer na panela

O melhor tempero do mundo!

Lingüiça a cheirar na janela...

Os “pestos”, que são versos profundos.

X

O pesto Alla Genovese

O pesto di questo di mamma!

E Sampa inteira agradece

A pizza saída da forma!

XI

De Margarita o perfume

Exala das mãos da Concheta!

Vicenzo como de costume...

Reacende o forno da festa.

XII

Bexiga dos caldos perfumados...

Da canja ao “capeletti in brodo”!

Dos pratos feitos com zucchini

Dos antepastos famosos.

XIII

Com o spaghetti enrolado

No garfo, no molho ao sugo

De beiço já todo melado

“Bambino” é verso absoluto.

XIV

Escorre o pesto Basílico

Nas diversas cores “insalata”!

Há massas regadas a vinho,

Cantina que o mundo abraça ...

XV

Bexiga da farta algazarra,

Dos empórios das especiarias!

Do “aliche”, do pinoli, alcaparras...

No prato regado a alegria!

XVI

Do bife a parmejana...

À berinjela: em preciosa receita

Em pães variados, e a crostata!

No xadrez da toalha de mesa.

XVII

Na festa da Achiropita,

Senhora de Rossano e Calábria,

Se acende na Luz o Bexiga,

Da fé extraordinária!,

XVIII

“Mio cuore” de rubro sangrante

A borbulhar pelas taças...

Auguri! -é menção borbulante

Ao verde que devolvo às matas...

XIX

Do último trem que das onze...

Se foi para não mais voltar

Do Adoniran a Saudosa

Maloca , só pra gente cantar.

XX

Aqui “**Dim-dim donde passemos”

Num teatro tão belo das vidas,

Os bonde nóis também já perdemos,

Dos trem pelos tempo que trilha!

XXI

Bexiga do coração caloroso...

Acende toda vida noturna

Em Sampa pelos veios da noite

A vida jamais é taciturna...

Nota da autora:

Em homenagem à colônia italiana ( e ao Bexiga!) da qual também faço parte.

**Alusão ao clássico visceral da discografia de Adoniran Barbosa: SAUDOSA MALOCA.