DESNUD...AÇÃO

I

Em SAMPA a vida acorda cedo,

Por dentre a geada nevada,

Florais são os aconchegos,

Que acolhem a labuta na estrada...

II

No horizonte recém pincelado

Em preta tela em decantação

A vida, aqui, faz chiado

Em busca de oxigenação.

III

As árvores,sim!- são recatadas

Pois já temem a amputação

Dos braços abertos às pragas

Que lhes podam a boa intenção.

IV

Não se exibem às tempestades

Que irrigam as poetações

Pois sabem que toda maldade

Tem raízes em convulsões...

V

Mas as flores, pobres coitadas...

Acreditam que tudo é poesia!

Só se abrem de copas fechadas

Pensando que vida é magia.

VI

Exibidas, sim!- são as flores,

Que exalam suas intimidades,

Nas nuanças dos odores,

Ao breu frio das cidades.

VII

E na sina dos poetinhas

De tanto querer rimar

Sobra-lhes só uma peninha...

Para mais flores repintar.

VIII

Aos poetas nada mais resta...

A não ser perene desnudação

Da agonia que lhes resta

Com tanta devastação.

Mavi, num repente, aos "de repentes".