Marília de Messalina
É Marília que vem-me assim
Toda cálida de doçura,
Vem me olhar a declamar sua formosura,
Construir lindos versos, delineando sua compostura.
E toda ela se esvai, da alma ao suspiro,
Em epopéias e cantos,
Em idílios e prantos,
Se definindo e morrendo - ao mesmo tempo
A tomo inteira entre decassílabos e alexandrinos,
Lapidando, sondando, maquiando - sem contratempo
Os lábios, os traços - de menina.
E me dói no peito - pois é uma sina!
Transformar-lhe numa linda ode cristalina
E apenas declama-la com meus olhos de uma Messalina!
Da série "Minhas Trevas"
Carla L. Ferreira
07/05/07