A pior cantiga de amor

Sustenta os olhos, esse meigo jeito pueril,

Tanto quanto enamora-se da natureza,

Está de bem, porém,

Enrubesce-me sua frieza.

Eu, mais do que o além canto.

Nenhures convém para abrigar o amor,

Se pois, ele posta-se naquele vazio que é o encanto.

Virgínia... Amélia... Elizabeth...?

Bem, desventurada seja a ausência de reminiscência,

Só tenho a certeza desse colosso no peito latente.

Sei saber que ela é pura na sua inocência,

Gentil, delicada; entretanto sei saber que ela não sabe,

É leiga desse meu fervor adolescente sem experiência.

E, mesmo talvez esteja ela ansiosa por outro,

(Quem sabe um príncipe ou rei?),

Deus meu! Perdê-la-ei a contra gosto?

Há um carmim latejante no meu peito,

Onde, consecutivas costuras já não me bastam,

E perdi o senso de viver... Deus! Deixe-me morrer!

Esse idílio ardoroso o qual não se sustenta,

Me corrompe o recôndito ser que havia no profundo...

Desejo morrer a vê-la sorrir-se da satisfação que me ausenta!

Seu nome é indiferente.

Já que a beleza dos oceanos e mares a cobre!

Resta-me saber se sou digno de viver seco e pobre?

Minha alma não vaga.

Há um pungente desinteresse nestas entranhas.

Que me busca e me encontra... o medo me ataca.

A razão (ou falta desta) não me faz ver.

Cego, além de ébrio desse amor,

Construo pontes inalcançáveis para alcançá-la (a meu ver).

As flores que de mim o escutam

Já se fatigam de saber...

Amor! Belo amor! Nem nasceu para já morrer!

Porém, somente pelo fim deste ardor,

Alcançarei o fim da minha tristeza...

Morro por...(?) mesmo sem saber seu nome com certeza.

Da série "Minhas trevas"

Carla L. Ferreira

19/10/06

Brasil