DESPRENDO DE MIM
Levo a galope
Minha infância
Minhas memórias
Pois trago comigo
Minha alma e minha voz
Passaram os tempos...
Lembro-me do rancho
Do rio que um dia me banhei
Ao redor do galpão
Que muito mateei
Lembro-me do laço
Do potro que domei.
Tenho orgulho de ser gaúcho
Da tradição
Da cuia de chimarrão.
Será que estou muito envelhecido !?
Só fui pelo tempo moldado
Mas não esqueci minhas raízes
Hoje fico na ansiedade
Troco à solidão pela saudade
Da vida que testemunhei.
As noites me estão muito longas
O céu não me mostra só estrelas:
Galopeio no tempo
Não refugo minha atual realidade
Pois minha alma é de menino
Sou dono do meu destino,
Mesmo sem ter asas fortes,
Não perdi minha capacidade de voar.
Pico um fumo na mão
Ajeito um braseiro forte
Espero o chiar da água
E a cuia cumprir o seu rito
E num grito
Quebro o meu silêncio:
Minhas horas se arrastam
Minha vida sucumbe aos poucos
E nesse meio, tanta história.
Rodeio
Peleio com a morte
Não tenho pressa de ir embora
Galopo
Porque sonhos e sangue
Ainda vibram nas minhas artérias
Gaudérias.