DESPRENDO DE MIM

Levo a galope

Minha infância

Minhas memórias

Pois trago comigo

Minha alma e minha voz

Passaram os tempos...

Lembro-me do rancho

Do rio que um dia me banhei

Ao redor do galpão

Que muito mateei

Lembro-me do laço

Do potro que domei.

Tenho orgulho de ser gaúcho

Da tradição

Da cuia de chimarrão.

Será que estou muito envelhecido !?

Só fui pelo tempo moldado

Mas não esqueci minhas raízes

Hoje fico na ansiedade

Troco à solidão pela saudade

Da vida que testemunhei.

As noites me estão muito longas

O céu não me mostra só estrelas:

Galopeio no tempo

Não refugo minha atual realidade

Pois minha alma é de menino

Sou dono do meu destino,

Mesmo sem ter asas fortes,

Não perdi minha capacidade de voar.

Pico um fumo na mão

Ajeito um braseiro forte

Espero o chiar da água

E a cuia cumprir o seu rito

E num grito

Quebro o meu silêncio:

Minhas horas se arrastam

Minha vida sucumbe aos poucos

E nesse meio, tanta história.

Rodeio

Peleio com a morte

Não tenho pressa de ir embora

Galopo

Porque sonhos e sangue

Ainda vibram nas minhas artérias

Gaudérias.

Alexandre Abrantes
Enviado por Alexandre Abrantes em 12/04/2016
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