Massacre dos índios Ianomânis
Parem de destruir os povos indígenas
Eles também são filhos do Senhor
O Senhor que fez o céu e a terra
O Senhor que nos criou para que fôssemos felizes
Nesta terra imensa chamada Brasil
Canto I
Desde os tempos mais remotos
Na era da colonização
Todos os povos indígenas
Já sofriam perseguição
Muitos foram capturados
E levados para a cidade
Vendidos como escravos
Sofriam, sem piedade.
A própria Igreja Católica
Que se dizia cristã e soberana
Não aceitava os índios
Como pessoas humanas
Já os valentes Bandeirantes
Que desbravaram os sertões
Deixaram um rastro de sangue
Destruindo muitas Nações
Muitos que sobreviviam
Aos ataques de surpresa
Tornavam-se escravos
E morriam de tristeza
Nações foram dispersas
Por toda a Pátria amada
Os últimos que ainda restaram
Caíram na emboscada
Era um dia calmo e bonito
E a vida na aldeia seguia normal
Quando de repente
Surge um barulho infernal
Homens de todos os lados
Com armas que cuspiam fogo
Matavam homens, mulheres e crianças.
Como se mata um animal pernicioso
Os curumins assustados
Corriam por todos os lados
E eram alcançados
Por golpes de facadas
Os velhos nas malocas
Enfermos e assustados
Morreram varados por balas
Ou, ainda vivos foram queimados.
Lembro-me bem nitidamente
Da pequena cuiatan
Que morreu abraçada
Com sua pequena irmã
Canto II
Eu olhava apavorado
A aldeia em desolação
E pensava comigo mesmo
Eles não têm coração
Os poucos que se salvaram
Fugiram para a floresta
Com muitos ferimentos
No rosto, nas costas e na testa.
A própria mãe natureza
Vendo tudo o que se passou
Não resistiu a tamanha barbaridade
Gemendo triste, chorou.
Este massacre indecente
Que chamou muita atenção
Muitos jornais de renome
Fizeram dele menção
Este fato vergonhoso
Que a abalou a Nação
É fruto de avareza
E também de omissão
Nossas leis brasileiras
É um conto ou ficção
Pois os índios Ianomâmis
Nunca tiveram proteção
Deixo um brado de alerta
A todos os orgulhosos mortais
A ganância e a avareza
Só destroem e nada mais
Por favor, respeitem os índios.
Eles não os nossos irmãos
E também são os verdadeiros
Donos da Nação
Canto Final
Ao final de pouco tempo
A fumaça cobria o céu
A aldeia transformou-se
Num imenso fogaréu