OS ANJOS NA TERRA
"Trovas de Sábado Santo"
Os anjos que Deus me deu
Sempre belos e formosos
Andam por aí mui zelosos
Voando entre a terra e o céu.
Quando mais deles preciso
Não consigo encontrá-los
Dou comigo a procurá-los
Quase sempre de improviso.
Brilham na luz das estrelas
Os anjos da minha sorte
Com eles sinto-me forte
Sem eles vejo-me nelas.
Chamam-me de madrugada
No canto das cotovias
Na tristeza e nas alegrias
E na perpétua alvorada.
Nas horas do caminhar
Receando partir sozinho
Faz-se longo o meu caminho
Mas quero com eles voltar.
Quando estou no meu trabalho
Meus anjos andam por lá
Saber isso gozo me dá
Tudo sai bem e não falho.
Nas horas angustiadas,
Nas horas de solidão,
São eles que me dão a mão
Para as obras inacabadas.
Por entre todas as vidas,
As minhas e as dos outros,
Mesmo por caminhos tortos
Sinto forças acrescidas.
Dizem que os anjos do céu
Têm asas de marfim
Para voarem até mim
Porque foi Deus que lhas deu.
Anda o mal à minha volta,
À minha volta há lamentos,
Caiam chuvas, soprem ventos,
Tenho dos anjos a escolta.
Quero os meus anjos comigo
E senti-los sem os ver
Dá energia ao meu querer,
Mais confiança no perigo.
Anjos, que me acompanhais
Por estas sendas da terra,
Não me falteis nesta guerra
Vós que sois meus generais.
Não sei qual o vosso nome
Mas, por quem sois, tudo bem
Fazeis-me querer ser alguém
Nesta vida que me consome.
Os anjos que Deus me deu
Sempre belos e formosos
Andam por aí mui zelosos
Voando entre a terra e o céu.
Frassino Machado
In TROVAS DO QUOTIDIANO