NAS ÁGUAS DO NOSSO ODIANA * A gaivota

Os teus lábios de medronho

de fascínio e tentação

são de vida neste sonho

que mata o meu coração.

Que desgraçado conforto

morrer por ti sem te ter,

mas é maior desconforto

continuar a viver.

Nas águas do nosso Odiana

correm mistérios de nós,

desta condição humana

que sufoca a própria voz.

Nem os murmúrios sofridos

agitam as águas frias

nem o pulsar dos sentidos

doem nas marés vazias.

No rio manso que corre

para o mar que nos cumpriu

vai o desgosto que morre

e das margens ninguém viu!

Ninguém viu, ninguém chorou,

só no teu olhar tão triste

uma gaivota voou,

gaivota que só tu viste.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 20 de Dezembro de 2015.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 28/02/2016
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T5557833
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