Mestra!!!
Mestra
Da linguagem, em seus cuidados,
nossa Mestra não descura...
Mal erros são apontados,
e já salta a criatura,
premiando o atrevido
ou atrevida que falhou...
Distraída ou distraído-
e, no erro, escorregou.
Logo vem, lápis em riste,
rabiscando, sem perdão.
Fique a escriba, ou não, triste,
mas não falhe a correção.
E não cola a choradeira.
Mesmo a de melhor estilo,
pois, com ela ,é pura asneira
curtição de crocodilo.
Nossa Mestra já conhece
todo o seu eleitorado;
que engana ou só parece
ser, nas letras, ilustrado.
Dom Quixote da mais bela
Flor do Lácio, faz seu Sancho
da caneta e co'ela vela
nossa língua e põe no gancho
quem não venha, por Del Rey,
com escritos bem dosados.
que lhe não escapa, eu sei..!
redatores mascarados
Falo eu, fala quem pode,
que o falar é todo um rito,
mas, por Deus!, mestra tem dó,
de quem fala por escrito.
De quem fala ao arrepio,
das mais lusas construções
e se vai indo arredio
às regrinhas e noções.
Tô contigo, e vejo como
falam tantos ,sem favores
e nem são como nós...Como?
Que entre eles há doutores
que tropeçam a cada linha.
Se esborracham ao menor ponto,
se enrolando à canetinha..
Pra falar!!! Eu nem lhe conto.
Tascam agá em tamborim.
Xix dobrado na borracha.
Vão de anssim, em vez de assim.
Pagam taicha e/ou tacha.
Mas, e aí!, de que adianta
apontar tais despudores,
que cometem estas antas
se pr'a elas ..só louvores!
Entra em onda... Fica fria..
Que tem ganso dando sopa..
Saca a peça, que é Maria...
Cuida quiéum gegê di ôpas.
"Eu, pur mim façum agá.
Vô levanu cumu possu.
Jáqui u verbu é chinfrar"
vou fingindo que o endosso.
Mas não pensem, que a Magda,
que ;sapeca; notas feias.
seja apenas má, que dá
notas baixas a mancheias.
Me parece que ela existe
em função do magistério,
e existindo, subsiste
pura, simples, em mistérios.
Não a mais e nem a menos
exigente co'a turminha...
Seus conceitos, sempre amenos,
trazem a turma bem na linha.
Eis aí a nossa Mestra,
que é austera. Não alheia.
Sempre tão segura e destra.
Semeadora de mão cheia.
Mas não é que este vate..
desgarrou-se ao sinuelo...
Mas retomo, nem que à pelo
e me vou ao arremate.
Retratando, agora, a Mestra,
sem ferir-lhe a condição,
de quem é segura e destra,
na difícil condução
de aprendizes da linguagem
com mui pouca vocação
pra enfrentar toda a linhagem
do pronome a interjeição.
Nossos agradecimentos
pelo esforço dispensado,
por lições e pensamentos
que, de graça, nos tem dado.
Dedicado a Prof.Magda Torrezini.
Caxias do Sul/RS 1976.