só as verdades da vida.

É a Mel que chama a trova

quando Áurea pede causo

eu aqui na dura prova

só de teimoso num pauso.

prá gaúcha, a rima nova,

à capixaba, arrepio

vou comprar o desafio

vou contar causo na trova.

numa estrada de barro

que de gente, só deserto,

noite alta quebra o carro

e o fantasma chega perto.

qué uma ajuda seu moço?

- eu preciso sim senhô...

- veja ali naquele poço

tem platinado e rotô.

tudo era muito estranho

macabro como o diabo

foi ele mostrar seu rabo

qui o rotô fundiu o estanho.

já era a noite tão fria

e a trovoada chegô

foi assim que eu seguia

pro poço, atrás do sinhô.

ele então abriu a tampa

morcegos de lá voô

num era poço era campa

só osso... era um horrô!...

tinha caveira que ria

uma outra qui me chamô

até o meu nome sabia

a caveira de um dotô.

brilha então uma luz forte

na beira daquele poço

se eu fosse fruta, caroço

queria ser na minha sorte.

mas então tudo acalmô

quem só veio ao meu socorro

foi um disco voadô

- se não morri, quase morro!...

assim como eu, são oceis,

trovando logo em seguida,

eu conto pros meus fregueis

só as verdades da vida...

(no desafio das Trovas Gauchescas, na Comunidade POESIA REGIONAL do orkut, participando com Mel e Áurea)