E EU ACREDITEI...
E EU ACREDITEI
Aecio Kauffmann
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Amigo, sou qüera pronto
xiru, dos recomendados,
mas, virge...! que ando, já tonto
cabreiro e sacaneado.
Aporreado...A La fresca!.
Já tô é meio manguço,
qual pingo que não se afresca
se o índio, em cima é pinguço.
Mas vou tenteando a indiada
nos bretes da pensação-
que uns já não crêem em nada,
já estão em desolação.
É o aluguel do potreiro,
os trocos p’ra faculdade.
bolicho, mais o padeiro
sem sombras p’ra amenidades.
E amenidades, lês digo,
são coisas que ainda, enfim,
ficam por fora do umbigo:
o lenço, o laço e os carpins.
Aqui o vivente marca,
na gola, a pilcha-saídeira,
que é traste que está na narca
e só sai nas domingueiras.
Que é quando tem batizado,
casório e/ou comunhão;
um cola atada, animado
e, as veis, encomendação.
Falei da pilcha e, agora
me vou direito a farmácia.
Aqui a erva vai embora
p’ra quem não tem Anastácia.
Que benze, sangra e receita
e faz até simpatia
p’ra dor de dente ou maleita
e cura melancolia.
Só não cura sangue morno
nem faz com que brote grana
nos bolsos, nem com suborno,
cá do milico sacana.
Que acreditou...não devia
na “fala mansa” de oragos;
confiando em cidadania
levou um chute nos pagos!
E, aqui, eu creio, se encaixa
ditado da Tia Nora
“quem muito, filho, se abaixa
fica co’os glúteos de fora”
E, hoje, temos raladus,
vivendo às ordens do Rei...
estamos quase pelados
enquanto os Alves e grei.
estufam as suas guaiacas
por graça das loteria,
enquanto, nós os panacas,
marcamos bobeira e fria.
É um salve-se quem puder
“um tiroteio de morte”
no mínimo temos clister
e isto p’ra quem não tem sorte.
Enquanto isto a cambada
vai se ajeitando, rapaz,
e vão, de mão, na parada
se defendendo, no mais.
E a turma é barra pesada
e não dá chance a ninguém...
A coca pega a mesada...
Maconha é troco...é vintém.
Enquanto nós cá vivemos
na esperança de um dia
repor o que já perdemos
(nem falo de isonomia).
Vivemos destas notícias
que espalham celebremente,
aqui e ali, nas mílicias,
gozando, eu creio, co’a gente.
Um gajo dizia...o fato
sai hoje, até nos jornais
são cinco – p’ra dar impacto-
de aumento cá p’ros baguais.
E, boca a boca, se espalha
a tal boa nova e então
é fogo, é fogo de palha...
mas ninguém o contesta não.
Uns já dizem, em segredo,
-foi medida provisória-
Outros, mais baixinho e á medo
levam fé na tal história.
Inda outros, em cochichos
já discutem porcentagens
cinco é pouco! É nada! É micho!
mais de trinta é que vantagem.
E quem antes afirmava
escorado por “falares”
já agora argumentava
dando ao fato veros ares.
Mil histórias, minha gente,
espoucaram desde então,
mas de aumento, minha gente,
ninguém sabe, nem viu não.
O pior é que, por conta,
“decolaram voadores”
p’robras de pequena monta
e alguns cheques p’ra doutores.
Não saiu...Tem gente em alas;
co’a cabeça posta a prêmio...
vão chamar o qüera às falas,
vão cortar-lhe o oxigênio.
O salseiro vai ser grosso
p’ro xiru que bancou fria.
Já que gajo deu endosso
e afirmou que o galo mia.
Vai pular que nem cabrito
p’ra explicar-se é que pode-
que, no rito, o bom de grito
é o mais velho, é o mestre é o bode.