Para o coração bendito, tudo é bonito.
A beleza está mais para o sentir,
Não se prendendo a limitada visão.
As vezes o gris se colore num sorrir.
E o colorido é gris ao triste coração.
Se nos olhos temos a lente da paixão,
Enxergamos noutro, uma rara beleza.
Mas quando chega a fatal desilusão,
A imagem deste é da feiura a revelação.
Para o puro de coração toda a criatura,
É a pura expressão da divina inspiração.
Para o coração marcado pela desventura,
Tudo é feio, desconfiável e causa repulsão.
E mudando um poco aquele antigo dito,
Os olhos veem do que o coração está cheio.
Pois para o coração cheio do amor bendito,
Neste mundo tudo é belo, e nada jamais é feio.
(Molivars).