Inveja.
Se a inveja é mortal pecado
p'ra quem se diz ser cristão,
vou cuidar, já, do meu lado.
Vou mudar de religião,
pois invejo de verdade
este jeitão, que já era,
de ser, como são, sinceras
e amigas, barbaridade!
Barbaridade!, Chô Mico!,
Que falo apenas trovando..
Nos versos, vou invejando,
mas, na verdade, não fico.
Não fico, porque marcado
pelos ferros da traição,
vim por aí, tresmalhado,
me aguando só de afeição.
E, a la fresca, que o quente
da marca chegando ao couro!
Só arde quando é na gente.
Só dói, quando a gente é o touro.
Mas, já das rimas perdido,
qual galo cego em terreiro,
vou retomar ao sentido
que a trova dei por primeiro.
E inveja, tal era o tema.
A tese, o ponto...a razão.
Ter ou não ter..O problema
o xix real da questão.
Toda a inveja tem um jeito
de enganar o coração.
Disfarçada é só despeito;
orgulhosa é frustração..
As vezes tá encorujada,
qual pica-pau, em tronqueira,
mas basta só uma olhada
p'ra que seque a pimenteira.
É coisa de aspa-torta
ou mesmo de algum sotreta,
que inveja, quando anda em vorta..!
Cruz-credo! Sai boi corneta !
Se o índio tá abichornado,
todo azarento, no mas ..
É coisa de mau olhado..
É coisa que a inveja faz.
Inveja, que se advinhas
um pé tu pões ,logo, atrás,
Se notas que se avisinha,
te cuida, porque é antraz ,
que ferra o pobre vivente,
que, as vezes, perde a estribeira.
E deixa o xiru doente,
marcando, sempre, bobeira.
É isto aí, minha amiga,
desculpa-me a brincadeira,
mas cruza os dedos em figa
e bate forte em madeira.
E,quando te der na telha,
um galho verde de arruda
sapeca , em cima da orelha,
que isto dizem que ajuda.