Rascunho (01)

RASCUNHO.(01)

Tô mais perdido do que cego em tiroteio,

e ,se bobeio, tomo uma sova de laço-

tais os apuros em que estou perdido e enleios´-

que eu nem le conto como dói o meu cachaço.

Nasci maleva...Meio taura e meio maula.

E não poupei mesmo a parteira...A Benedita..

Né que a moçoila me sangrou. Despôs deu aula,

me recortando co'a tesoura...A Gasguita!!!...

Como eu berrei ! Mas ,assim mesmo ,entrei no talho

Me estapeando , a gordona ,pôs uns panos,

que me taparam as "vergonhas" e de agasalho

ainda serviram ,cá pra mim,por alguns anos.

Cresci ligeiro, entre piques e arrepiques,

Mais repiado que garnisé em terreiro.

E, pra mostrar que eu não vim pra piquenique

já ,desde cedo ,assuntei c'os meu berreiro.

Vem c'o meu sangue, este " ser assim tinhoso",

botando banca seja inté por mamadeira...

E, vorta e meia ,me espraiei todo bodoso.

ciscando forte , fosse qual fosse a encrenqueira.

E ,já frangote.,vim deixando as minha marca,

Cravando espora nos galinho mais gasguita.

Mostrando forte que, lã na minha guaiaca,

havia pila.E, que no cinto uma bendita

e afiada ...Minha amiga véia...A faca...

Que fura e corta, sem qualquer pena e engano.

De cima e embaixo. É de lado ela se atraca

E, por tinhosa, deixa o quera sem seus panos..

Exemplo triste de xiru desmanivrado

já, desde entonces,marquei logo o meu terreiro.

Vim retouçando, qual terneiro desmamado,

e agarantindo o meu lugar no galinheiro.

E assim vim vindo,meio aos trancos e barrancos

e ,cedo, a sorte se me quis mostrar madrinha,

e de tal jeito ,que inda assim, meio que aos trancos,

agaranti o meu lugar... Oche! Vizinha!.

Me fiz sozinho ,agarantindo o meu pulero.

Me vim manero,não aceitando migalhas,

que estas só servem, só pra quem , xiru-de-chero.

que ronca forte, mas que logo se atrapalha,

o triste-traste de xiru adeslumbrado,

co'a própria faca, pois não sabe o que ela é...

E eu até acho que ele tá acostumado

a usar adaga pra corta unhas do pé.

E , desde cedo, aprendi, lá no potrero,

a me cuidar do ferro, que esquenta nas brasa.

Que ,dele, as marca vão cuidar do meus dinheiro

pra que eu me espalhe ,pelas banda bem faceiro.

E o ferro quente,aprendi,chegando ao couro

só arde, mesmo quando e na gente e dói

E como dói !!! Só mesmo quando a gente é o touro.

que sofre calado co'a dor que le corrói.

E ,leva horas, como que abichornado...

Estaqueado, a buscar sombra no sol.

É casi a dor de quem se sabe apaixonado

e que não vê, dó amanhã, um arrebol...

E estância afora, lá se vai, regurgitando

as suas cismas. E ruminando seus espaços...

Sem perceber que é o destino le marcando

e que outros ferros hão de marcar o seu cangaço.

E anssim vou indo pela ahy,triste- andarejo,

buscando ,em mim, uma razão pra tantos grilos.

Tanta esperança. Tanto amor. E ainda não vejo

Mas sigo quieto. Minha senda...Sem estrilos...

Testavilhante,cá ou lá, o meu bestunto

só não entende, porque tudo me deu certo...

Até bem pouco , cá comigo ,eu me assunto

estas tristezas nunca me chegaram perto.

E eu não sabia o que era infelicidade

e eu naveguei, sempre, e em mares de almirante.

E esvoacei sempre, em meus céus-felicidade,

que me guardaram as minhas fadas todo instante.

Quatro prendinhas.Minha mulher!...Minhas filhas.!

Me foram as fadas que ampararam todos os toques.

Amaciaram o agror das minhas trilhas.

e eu não via que me traziam a reboque....

Ah! quantas vezes me senti desamparado ?

NUNCA.! Les juro ,,pelo que é mais sagrado,

pois conseguiam,estando, e sempre ,ao meu lado

nem perceber que estavam certas.. E eu !!! Errado!

Norah! Se foi! E aí começa um' outra história

E o andarengo,se viu só, sem a parceira

Triste e confuso.! Tabaréu ,vivendo a inglória

maneira de ser que não foi a vida inteira.

E eu fui pro espaço e mais não fui porque ocorreram

em meu socorro, as três fadinhas que ficaram

e em seu fervor tão logo,pronto,socorreram

o xiru velho e, em seu fervor, não me deixaram,

que eu ficasse estremunhado em mesmice.

Quieto e calado... Só vivendo de memórias...

A chafurdar-me minha própria esquisitice,

e a me afundar,quietito, em minha própria história.

Hoje,renato,eu enfrento como possa

meus descaminhos e meus muitos embaraços,

que adivinho à nova vida que se esboça

em cada dia, em cada hora e em cada passo.

E eis aqui um maturrengo introvertido

pra quem motim é mais de três na mesma peça

que se confessa ainda pouco entendido

nestas sofrenças que outros me falam a bessa.

E a minha andança só me deu mais elementos

para aumentar a minha fé. Minha certeza

de que esta vida é uma Escola e o sofrimento

só nos atingem quando nos falta inteireza.

Quando o cuera se desvia dos princípios,

que programou para este curso evolutivo,

e se vai indo só pensando em benefícios

alheio a si ,sem que se lembre dos motivos,

que ele mesmo programou, e bem consciente,

pra evoluir ,a burilar a bruta pedra.

Tendo luz própria, é como um Sol, luminescente,

que vai vencer a escuridão, que em si, medra.

Aécio...

kauffmann
Enviado por kauffmann em 19/05/2015
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