AINDA NÃO COMPREI NADA
Amar é se dar sem ver,
Flutuar no altruísmo,
É não querer merecer,
É encarar ao abismo.
A flor me apeteceu,
Nem sabia sua cor,
Seu perfumo aludia-me,
Quando o dia clareou.
Ainda não comprei nada,
O Brasil deu marcha ré,
Seja homem ou mulher,
Hora estamos lascados.
Anulação do processo,
É o sonho de consumo,
Do bandido controverso,
Cabra ardiloso imundo.
Meu miau é todo seu,
A vizinha nem escuta,
Se você diz que já deu,
Muitas vezes me insulta.
Coisas da cidade grande,
Tudo é parte do exagero,
Primeiro passamos sede,
Depois moremos por lama.
Meu Romeu é falecido,
Você é um descarado,
Não me interessa marido,
Seu bruta montes tarado.
Consolidou-se o amor,
Numa troca de salivas,
Que o beijo patrocinou,
No decorrer duma vida.
Do amor só ouço falar,
Mas sua fama é intensa,
Quem puder o conquistar,
Goza suas benevolências.
É da nossa natureza,
Confrontarmos desatinos,
Como fosse um castigo,
De um destino traquino.