TROVAS DE UMA DESISTENTE




Amizade... amizade...
Quem dera na minha mão
fruto doce, sem idade,
sem ciúme ou possessão.



Quem dera teu doce fruto
mas é condenada a vida
a seguir sem usufruto
nem de ti, nem de mais nada.



que nasci para este nada
já que livre não o sou
nem para ti, amizade,
nem também para o amor.



Muito amada, muito o fui.
- Ah, meu Deus, que amargo riso!
Que coisas diz o meu siso!
Ah, este rio que não flui!



Não tenho inveja de mim
nem sou motivo de inveja.
Sou só Tristeza sem fim.
Sou só quem mais nada espera...


Sigo esta degregada
dos territórios que quis...
Ah,  por que flor tão fanada?
Responde, Senhor Algoz!


Eu já não posso partir...
Eu já não posso viver...
Eu já não posso sorrir...
E NADA posso DIZER.


Se é esta a eternidade
que nos desejaste um dia
Olhei  bem as faces dela!
Deus Maior: Misericórdia!


Nem falo de outros degredos
Nem falo de outros exílios.
Sobreviver, o que urge
sem rimas já, pobrezinhas!


Deus Maior, Vossa Valia
no tempo, este implacável.
O que ainda poderia...
Deus Maior, Vossa Clemência!



Deus Maior, Vossa Clemência!