TROVAS A SÃO SEBASTIÃO
Tu, mártir dos tempos idos,
Conturbados e belicosos,
Tu, pioneiro dos decididos
Cristãos outrora generosos…
Da Narbonense desceste
Envolvido em mistério
Em Milão te inscreveste
Como cidadão do Império.
A educação refinada
Com sucesso extraordinário
Deu-te uma vida folgada
De exímio legionário.
Diocleciano te aceitou
Como chefe destacado
Mas depois te rejeitou
Por seres cristianizado.
Grande era a perseguição
Naquela data ocorrente
Arguido, qualquer cristão
Corria risco eminente.
Tu não sentiste o temor
Da grosseira fealdade,
Agiste com destemor
P´ la justiça e liberdade.
Passaste o fel da traição
E o ferrete da vingança
De um Império sem razão,
Sem cultura nem esperança.
Teu exemplo, luz fugaz
Mas de grande intensidade,
Gerou sementes de paz,
De ousadia e de verdade.
Esse Império insensível
Que de início te exaltou
De uma forma inadmissível
Tua conduta renegou.
Foste cravado de setas
Resistindo intemerato
E afrontaste noutras metas
Aquele Poder caricato.
Ceifaram-te a vida cedo
Com selvagem inclemência
Porque o Império tinha medo
De uma onda de resistência…
Tua coragem iluminada
De solidez meritória
É semente abençoada
Que renasce e faz história.
Neste tempo, estigmatizado
Por maldade e perdição,
Restas tu bem-aventurado
E Mártir São Sebastião!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA