Eu já falei.
Eu já falei de neblina, de fumaça e de fogo
De morte de vida e de um jogo
Tambem da lavoura do sorgo
E da alegia de um sogro
Pelo seu netinho esperado
Eu já falei de mar e de porto
Que eu sou contra o aborto
Falei de miséria e de conforto
E que este mundo anda torto
E está caminhando errado.
Já falei do que a alma não se conforma
Falei de flores de cores e de formas
E da corrupção que te deforma
E a fé sincera que o que é velho reforma
Já comentei sobre o prafano e o sagrado
Já falei da dor amarga de um pranto
De quem sofre só por amar tanto
Das coisas com as quais me encanto
E do mais suave dos cantos
De um coração apaixonado.
Já falei sobre feitiço e magia
Das tardes da noite e do dia
Do brilho do sol que irradia
Que iluminado contagia
O tão belo azul do infinito
Já falei do Rio Grande do Sul
Do norte leste oeste e o sul
E disse sobre o cruzeiro do sul
E falei feliz de um azul
De dois olhos tão bonitos.
Falei de história mal resolvida
Da grande massa podre e falida
E da missão que deve ser cumprida
Doida e atormentando a vida
Com a suas crueis exigencias
Já falei da saudade que não presta
E do tempo de vida que me resta
De coisas que o sistema contesta
E deste humilde coração em festa
Alegre e louvando a existencia.
Eu já falei até de estatistica
Não busco aplausos mas aplaudo a critica
Se ela te faz bem isso já justifica
Nem a minha alma de poeta não explica
Se eu faço ou fiz a coisa correta
Se achas que nada que escrevo coincide
Ou que a minha poesia talves te agride
E por isso eu te faria um raivoso revide
Acho bom que de nada disso duvide
Substituo voce e tudo isso por uma caneta.