BRASILBÓLIA 09, O SANTO MALANDRECO
Que tu sejas benfeitor
Já se sabe do livreco
Mas não joga a teu favor
Saber-se que és malandreco.
Quanto a seres casamenteiro,
Ainda vá lá que não vá,
Mas jogadas no mundo inteiro
Tu bem sabes que isso dá.
Casamentos até há poucos,
P´ lo menos no nosso meio,
E milagres, só de loucos,
Deles está o inferno cheio.
Manjericos não dão dinheiro,
Nas pracetas são loucura,
E as sardinhas a terreiro
Estão p´ las ruas da amargura.
O negócio das cascatas
Isso é lá com São João
Só se for em bairro de latas
E co´ a massa sempre à mão.
Quando eras adolescente
Partiste com o sol a pino
Marrocos, p´ ra enganar a gente,
Pois a Itália era o destino.
Escolheste agora o Brasil
Por ser negócio de bola
Matreirices, mais de mil,
Encheste logo a sacola.
Esqueceste-te da Avenida
Com as marchas a rodar,
Era o trunfo da tua vida,
Mas a bola é qu´ stá a dar.
Os teus sócios cá ficaram,
Cada qual feito agiota,
Quando as marchas acabaram
Falou-se logo em batota.
Nessa hora, no Paulistão,
O Brasil sem benzedura,
Tu lá deste um empurrão
E assopraste ao Nishimura.
Se não foi à descarada
Provocou-se um prejuízo
Ganhaste bem a jogada
Sem dar a volta ao juízo.
Não arrisques muito mais,
Papa Francisco ´stá a ver,
Já consta pelos jornais
Que tem o juízo a ferver.
Ó Santo das ubiquidades
Deixa-te de malandrices
Volta pr´ as tuas cidades
E não percas doutorices.
Espera mais um momento.
Muda-te já p´ ra Salvador
Dá algum brilho ao evento
E, tu lá sabes, algum favor.
É que o prélio é a morder
E os Tugas são larpeirões:
Nunca gostam de perder
Mesmo que seja a feijões!
Frassino Machado
In A MUSA DOS ESTÁDIOS
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