TROVAS DO COTIDIANO

Era cedo, abri a janela

As árvores acenavam

Pareciam me dar bom dia

Nada respondi

Em silencio, fechei a janela

Lá fora o vento zunia

O sol fraco sumiu

Desaprovou, por certo

Minha descortesia

A chuva nos montes

De um branco baço

O horizonte tingia

Como um autômato

Dirigi-me ao trabalho

Como faço todos os dias

Na estrada imperfeita

Topei com a chuva,

Que sem freios caia

Os pneus do carro

Traçavam um risco sinuoso

Que a água encobria

Cruzando a enxurrada

Emitiam uma som grave

Que de um baixo parecia

Na estrada sem acostamento

A vegetação em êxtase

Dançava com alegria

A natureza tão sábia

Tem formas tão inesperadas

De fazer poesia

E eu, preso aos meus problemas,

Remoendo velhos pensamentos

Da minha existência vazia!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 15/03/2014
Reeditado em 20/09/2024
Código do texto: T4729485
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