Setanejos
Ouvi-se de longe o cantar das enxadas
em plena manhã de verão...
Os velhos e bons sertanejos
tentando plantar seus desejos.
As sementes do alimento vindouro
pra colher a refeição.
Quem sabe quantas brotarão ?
Se conseguir plantá-las,
ainda há de esperar que venha chuva...
Por isso juntam-se todos.
E pedem em oração à São José,
providencias divina.
Que venha a chuva fina
para regar a região.
Dias passam terras racham
morrem gados e esperanças
com eles vive sempre,
presente a desolação.
Já não se vê a passaradas
abandonaram seus ninhos.
E junto a eles seus ovinhos
migrando pra outros lados.
Voando de bico aberto com sede
a procura de água,
árvores em novo chão.
Quem sabe se chegam lá ?
Que triste sina tem todos os seres
incluindo até os pássaros
que nasceram no sertão.
Mas sertanejos são homens fortes !
Sobreviventes e lutadores...
Adequaram seus corpos à sorte
sem revoltas e sem rancores
renascem todos os dias
sobrepondo as suas dores.
Descansam em rede á noite.
Possuem olhos meigos e tristes
Nas mãos visível dignidade
Fazem da fé fortaleza
Do amor sua certeza
Tem o corpo como estandarte
de guerreiro disposto a dor.
Descansando durante a noite
o dia intenso de calor
E a enxada ao lado espera
seu companheiro lavrador.