Setanejos

Ouvi-se de longe o cantar das enxadas

em plena manhã de verão...

Os velhos e bons sertanejos

tentando plantar seus desejos.

As sementes do alimento vindouro

pra colher a refeição.

Quem sabe quantas brotarão ?

Se conseguir plantá-las,

ainda há de esperar que venha chuva...

Por isso juntam-se todos.

E pedem em oração à São José,

providencias divina.

Que venha a chuva fina

para regar a região.

Dias passam terras racham

morrem gados e esperanças

com eles vive sempre,

presente a desolação.

Já não se vê a passaradas

abandonaram seus ninhos.

E junto a eles seus ovinhos

migrando pra outros lados.

Voando de bico aberto com sede

a procura de água,

árvores em novo chão.

Quem sabe se chegam lá ?

Que triste sina tem todos os seres

incluindo até os pássaros

que nasceram no sertão.

Mas sertanejos são homens fortes !

Sobreviventes e lutadores...

Adequaram seus corpos à sorte

sem revoltas e sem rancores

renascem todos os dias

sobrepondo as suas dores.

Descansam em rede á noite.

Possuem olhos meigos e tristes

Nas mãos visível dignidade

Fazem da fé fortaleza

Do amor sua certeza

Tem o corpo como estandarte

de guerreiro disposto a dor.

Descansando durante a noite

o dia intenso de calor

E a enxada ao lado espera

seu companheiro lavrador.

Gracia Fernandez
Enviado por Gracia Fernandez em 28/02/2014
Código do texto: T4709814
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.