Um dia

Um dia deparei-me com um espelho o qual refletia muito mais que minha imagem, refletia minha alma. Me assustei quando vi todos aqueles momentos outrora vividos, atos, pensamentos e omissões.

Comecei a rever e reviver tudo aquilo que me fizeram ser o que hoje sou, as lágrimas eram insistentes em rolar, mas no final, algo soprou em meu coração, um refrigério que apaziguou aquela tempestade que havia se instaurado dentro de mim e trouxe-me paz. Percebi naquele instante que nada foi em vão, com certeza não faria nada diferente. Como um ser errôneo que sou, quem me garante que se ao voltar ao passado para tentar corrigir algo, não simplesmente cometeria um erro ainda pior? Seria horrível ter que reviver todas as consequências novamente.

A nostalgia que de mim tomou conta - como costumeiramente acontecia - não me levou a beira de um estado depressivo, desta vez, me impulsionou a vivenciar com maior zelo cada momento, todavia, de forma mais consciente. Entendi que este mesmo zelo não pode ser o causador da minha impotência social, ou seja, não posso deixar que o cuidar em fazer as coisas corretas transformem o meu ser em um fútil e vegetativo humanoide fanático, colocando a maldade que está em mim ou na sociedade na qual sou inserido, nas coisas que poderiam me trazer um prazer ímpar e momentos de extrema alegria.

Muitos quebrariam esse espelho de reflexo expressivo, por medo, receio ou simplesmente por não querer lembrar de fatos passados, pois feridas abertas ainda não se fecharam totalmente. No meu caso, fico feliz em te-lo encontrado, já que o mesmo mostrou-me que o problema não é a vida, o problema na verdade é que não conseguimos colocar em prática os ensinamentos inerentes de cada situação por nós vividos.