DEBOCHANDO DA VELHICE
DEBOCHANDO DA VELHICE
Nada como enganar a morte
Levar a vida até o altar
Casar com ela e ser forte
Aguentar os trancos sem divorciar
Nada como abraçar a sorte
E se possível chutar o azar
Ter o início como norte
E chegar ao fim, para voltar
Nada como gozar preguiça
De botina larga se refestelar
À sombra fresca comer linguiça
Tirar uma soneca e descansar
Nada como jogar conversa fora
E com os amigos festejar
Fazer o que gosta a qualquer hora
Sem com o tempo se preocupar
Ainda que verta lágrimas, não chorar
Ser palhaço e fazer outrem sorrir
Esposa, filhos e netos abraçar
Mesmo a pouca saúde curtir
Relevando até mesmo as dores
Renegando achaques e doenças
Procurando sempre novos amores
Apegando-se a velhas crenças
E viver a eterna esperança
De um dia a juventude tornar...
Ser novamente uma criança
E da velhice poder debochar