NOVAS TROVAS

Ah, quando eu era menino

queria ser um ator;

mas o destino traquino

fez-me um poeta-pintor!...

Quando paro pra pensar

no imenso amor de Deus,

dá vontade de contar

para todos os filhos seus!

Escrever é minha meta,

pois me trás felicidade;

apesar de ser poeta

pequenino, na verdade.

Eu gosto de fazer trovas,

mesmo sem ser trovador;

eu rimo contando as novas

e cantando o meu amor.

Nos olhos da minha amada

vejo mais do que um brilho;

sempre vejo uma alvorada...

e pra f'licidade - um trilho!...

Quem nunca amou de verdade

não sabe o que estou sentindo;

razão da felicidade,

porque vivo assim sorrindo!...

Quanto mais o tempo passa

cada vez mais me convenço

que a vida é muito escassa

para o nosso amor imenso!

Meus poetas preferidos

falo todos, numa boa:

Drummond, Bandeira, Vinícius,

Quintana, Cecília, Pessoa!...

Inda como rapadura

do Engenho Corredor;

saboreando a cultura

de Zé Lins, o escritor.

Em uma rua de Itabira

ainda escrevo uma lira;

numa praça de Lisboa

lerei versos de Pessoa.

Não tenho terra brejeira

no meu amado torrão;

mas trago Pilar inteira

dentro de meu coração!

Ah como eu queria está,

neste instante da semana,

na feirinha do Pilar,

tomando um caldo de cana!

Minha terra tem sabores

que outras terras não têm;

dizem até que seus amores

não se encontram em mais ninguém.

Não trouxe um pouco de terra

da minha terra pra mim;

mas no meu peito se encerra

ela completa, sem fim!

Já se passou a aurora

e o crepúsculo já vem;

inda estou pensando agora

na beleza do meu bem!...

Chamavam-me de matuto

quando eu era um estudante;

mas o destino astuto

fez-me um poeta falante!

Tem versos de amor tão puro

que o mundo não entenderia;

melhor deixá-los no escuro...

e jamais fazer poesia!...

Sim, nesta vida é preciso

aprender a perdoar,

pra não ficar indeciso,

pra continuar a amar!

Ah... tem poesia calada

que não se deve escrever;

deve ser imaginada,

só pro poeta saber!...