Ao meu pé de tamarindo
Meu tamarindo provecto
Eu não esqueço de ti
És o meu mito senecto
Lugar lindo onde vivi
Tua origem secular
Me deixa meio hesitante
Quem me dera te abraçar
Nesta vida a cada instante
Tu não sentes o que sinto
Mas eu sinto o que tu sentes
Somos assim diferentes
Cada um com seu instinto
Na tua égide sombria
A musa rude me inspirava
momento de nostalgia
Por minha terra tão brava
Eu sempre afaguei teu tronco
Regaço do meu passado
Porém o destino bronco
Me fez assim contristado
O nosso mistério infindo
Ninguém pode decifrar
Tu vives sempre mais lindo
E eu vivo sempre a chorar
Tiveste uma infância bela
Bem diferente da minha
O tempo ainda te zela
A saudade me espezinha
Neste labutar misérrimo
Eu te revelava tudo
A vida de um ser paupérrimo
Que a sorte lhe fez sisudo
Sempre rezei genuflexo
A reza que mais ouvi
Hoje lamento perplexo
Por estar longe de ti
Na mais triste indiferença
Eu vivi juntinho a ti
Nem os meus me deram crença
No lugar onde eu nasci
A minha dor foi maior
Por perder a minha frátria
Já tu vives bem melhor
Junto a tua terra mátria
Tu tens vida sedentária
Eu vivo do nomadismo
A padecer como um pária
Que marcha pro cataclismo