ESTRELAS DO ADEUS

I

Meu coração só farfalha,

Feito estas folhas de outono...

Que pisoteadas crepitam,

Após o cíclico abandono.

II

Vejo estrelas oxidadas...

De nuanças exuberantes,

São lágrimas desidratadas

Que pairam tons estonteantes!

III

Conjugam a paixão do vermelho...

Que à nevoa aos poucos esvaece;

Aos tons...e sobre -tons derradeiros

Da vida que em mim anoitece...

IV

Aquarelam o lusco-fusco...

Do silêncio imensurável...

Refletidas sob o consolo

Dos resquícios dos raios solares!

V

Enfrentam a adversidade

Dourando a natureza,

Ensinam que até num adeus...

Há força de rara beleza!

VI

Ainda que desconsoladas...

Me acenam lá do poente!

Ecoam ao meu coração:

-Farfalhe!...pulse sempre em frente!

VII

Nas bulhas então abafadas

Dum amor, de nuança outonal...

Eu sinto que o que me farfalha,

É saudade...nunca pulsada igual!

Campos do Jordão,30/04/2006