Consultando o "Seu Dotô"
Dotô, tô com mucuim duído
Uma baita farta de ar,
Tô cum corpo todo muído
Naum posso nem rispirar.
Tenho os zóio nuveado
Um zumbido no zovido,
Sinto o bucho quebrado
Como se tivesse intupido!
Dotô, essa dô nas cadera
Tá tirano meu juizo de montão,
Que faço com essa doidera
essa tontera e depressão?
Essa murrinha no corpo
Me dexa com lundu danado,
Posso comê carne de porco
sem que tenha dô de viado?
Ah dotô esse meu aperreio
É por causo desse ispinhaço,
Essa gastura, esse entojo
Diz dotô, o que é que eu faço?
Eu venho do sertão tão longe
Onde a seca não dá trégua,
Se o Dotô não me vacinar
Vixe maria, arre égua!
Preciso que o dotô me acuda
Não sou bom de português,
num intendo a receita da consuta
Pois sô falo Dicionaro Ciarês!