NO NOSSO QUINTAL
NO NOSSO QUINTAL
A sombra da acerola
Não tem briga nem estresse
Tem música boa toda hora
Meu amigo não se apresse
Convido pra aqui passar
E conosco observar
As coisas boas da vida
Sem cerveja faltar
Tem quibe frito e amendoim
Panqueca e rubacão
Dourado com alecrim
Agulhinha e camarão
Tem conversa pra todo lado
E gente contando vantagem
Intelectual com doutorado
E maluco falando viagem
Tem rico tem empresário
Tem liso e tem normal
Tem ateu e missionário
Hare Krishna profissional
Preconceito é muito pouco
Falamos de tudo a valer
Uns falam de santo e anjo
Outros só vendo pra crê
Tem pedrinhas no chão
Tem pen drive no gravador
Tem piada de negão
Anedota de cantador
Na chapinha vai cebola
Vai o queijo e abobrinha
Vai também uma boa carne
E muito peito de galinha
Da codorna vai o ovo
Vai o bacon bem tostado
Tem gente que acredita
Que aquilo tá tudo errado
Tem pimenta das brabas
Tem pimenta biquinho
A pimenta de cheiro
Tem também só o molhinho
Tem uns que são mais fortes
Tem outros que nem tanto
Tem gente perdendo o norte
Uns dormindo ali no canto
Se um dia passar mal
De tanta bebida engolir
Não se aperrei que no quintal
Tem uma rede pra dormir
Tem banheiro pros homens
E banheiro pra mulher
O dos homens é cheiroso
Só num vai quem num quiser
Toca rock toca samba
Toca blues e tem baião
Toca música de raiz
Bem daqui do meu sertão
Luiz Gonzaga e rifle certo
Também rola o Barão
Tem Gil tem Caetano
Música boa de montão
Já ouvimos Pixinguinha
Gonzaguinha e Gonzagão
Tem também o som tocado
Com padeiro e violão
Tem música que diz assim
Num refrão bem explicado
Pra todo mundo entender
E ninguém ficar calado
Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Poesia trova e prosa
Versos carta e bilhete
Tem gente falando verdade
E outro mentindo pra cacete.
Mas ninguém pode negar
Que aqui é bem bacana
Cada um no seu lugar
Tomando cerva vodka ou cana.
M. C. MEIRA 05/08/2013