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BAÚ DE TROVAS
[LXXXVIII]
 


1 AMOR
  O amor desponta à pupila,
  pula ao ser amado, então;
  mas, vez que jamais vacila,
  constrói lar no coração.
 

2 INFRUTÍFERO
  Fruto que, no pé, já pende,
  na certa, cai de maduro;
  e, assim, amar não ofende,
  mas é caso sem futuro.
 

3 SOZINHO
  Só andar, viver sozinho,
  melhor que só ter um guia.
  Só, um cego faz caminho;
  só, mas nunca à revelia.
 

4 TROVA
  Que nem a moça bonita,
  do povo à língua caída,
  a trova tem que ser dita
  – ser bola da vez, na vida.
 

5 VÍCIO
  Sem mais olhar o que sinto,
  também sem medir saudade,
  o meu bem por ti, mais tinto,
  fez-se um vinho, de verdade.
 

Fort., 28/04/2013.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 28/04/2013
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