Amor mesquinho
Posso ser céu, se tu fores estrela!
Posso ser espelho, se tu fores reflexo!
Posso ser flor, se tu fores abelha!
Éramos sim, o caco e o vidro, a tampa e pote;
a pedra de tanto polida que perdeu o brilho,
apenas o resto daquele amor sem porte.
E os olhos carregados de dor transbordou;
dor de um passado cruel e frio;
e aquela flor de tanto mel se envenenou.
Os ouvidos, caducos de mentiras
por brilhares em outros céu,
deste brio que só me traz ira;
e toda noite me lembras do fel.
Por refletires em outros espelhos;
que não vêem a mente absurda,
não diferem os sentimentos velhos;
mas fingem que ouvem teus gritos mudos.
É por voares em outros jardins
que nego-me a ser vento,
nego a espalhar esse cheiro tão mesquinho.
Por um dia desejar que canteiros fostes;
os canteiros que nunca serão meus.
(...) por amar demais o cheiro das flores.