PÁTRIA TRANSTAGANA * Pátria transtagana

Para Norte, corre o Sado;

para Sul, o Guadiana.

Sol a pino, desapiedado...

Arde a Pátria Transtagana!

Águas doces do Xarrama,

em calmos pegos paradas,

amornadas pela chama

das tardes incendiadas.

Para Leste o Guadiana...

Ai, terras do Al Andalus,

em versos de porcelana

e rimas de ponto cruz!

Para Ocidente do Sado,

os longes do nunca mais...

Ai, sonho de alma arrojado,

feito de mar e pinhais.

No dorso da pátria amada,

Maio-maduro ceifava

a fartura da fornada,

mas pão na mesa faltava...

Hoje, de pousio, tem,

por seu destino, a trapaça

dum amanhã que não vem

e dum hoje que não passa...

Em tempo de trapaceiros

e de canseiras dobradas,

ide alerta, caminheiros,

à noite das emboscadas!

José-Augusto de Carvalho

Lisboa, 15.01.2013

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 20/01/2013
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T4094729
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