TROVAS DE SEVERIDADES

1

Mil bolinhas de sabão

brilham cores em meu céu!

São bolinhas de ilusão,

que se explodem logo, ao léu.

2

Nesses caminhos da vida

com pedras, cacos, percalços,

minh'alma é pele ferida

que sangra nos pés descalços.

3

Quanto mais se tem dinheiro,

mais parceiros tem-se à mão...

Mas o mal chegou ligeiro!

E os parceiros? Lá se vão.

4

Quando estou chorando triste,

a esperança me acalenta...

Mas a vida (dedo em riste!)

mostra as garras e a afugenta.

5

Resolver a vida alheia

é tão fácil para o sábio...

Mas se diz da própria aldeia,

de embaraço, morde o lábio.

6

Na dependência ao nascer,

tudo é poesia, alegria;

quando vem o envelhecer,

a dependência é agonia.

7

Já teve, em tempos antigos

de jovens braços abertos,

os mais sinceros amigos.

Mas só restaram desertos.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/12/2012
Código do texto: T4059657
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