Sou a cerca de bambu.
Sou a chuva de verão
Molhando a terra todinha
Sou a prata da imensidão
Que a lua espalha sozinha.
Sou a campina verde
Só uma gotinha de sereno
Onde o marimbondo mata a sede
Sou perfume sou veneno.
Sou o risco da caneta
Enchendo a branca pauta
Sou o peso da marreta
Sou o conselho que falta.
Sou a cerca de bambu
Que contorna a horta
Um laço de couro cru
A folha amarela e morta.
Sou o papel que recebe
A frase de uma oração
Sou a lontra que bebe
Agua clara do ribeirão.