O traço que separa.
Sou o aço da navalha
Sou a nuvem carregada
A cancela que atrapalha
A passagem da boiada.
Sou o risco da caneta
Uma velha jaboticabera
Um pézinho de Maria preta
O barulho da cachoeira.
Sou a escala da régua
Um rio que serpenteia
Sou um centímetro da légua
Um rastro fundo na areia.
Sou a chave do velho cofre
Sou a cerca de arame
Sou a pele que sofre
Com o sol quente no andaime.
Dou o traço que separa
Uma letra da outra
Sou a beleza rara
Que só na flor se encontra.