RAMALHETE DE TROVAS

(deixadas em páginas de amigos e agora reunidas)
 


 

I
O beijo, quando roubado,
dá mais sabor à conquista.
Torna-se predestinado
a dela ser acionista.

 

II
No coração machucado
ainda os grilhões do amor...
Já bate pouco o coitado
e não se livrou da dor.

 

III
Guarda-se nela a certeza
de haver dias de bonança.
Ela é a nossa fortaleza,
denominada Esperança!

 

IV
Aqueles beijos trocados
em dias abrasadores
quedam-se eternizados
na relembrança de amores.

 

V
Vai passando uma libélula,
tem o nome de Amizade.
Tomara transporte a célula
que gere Felicidade.

 

VI
Lágrimas são como chuva
que ao cair tudo carrega.
Tristeza fica viuva,
sorriso logo se emprega.

 

VII
Das lições que eu aprendi
não consigo me esquecer.
São etapas que vivi
e que precisei vencer.

 

VIII
Bálsamo? Droga? Placebo?
Novos tempos e invenções.
Há coisas que não concebo,
em que não vejo as razões...

 

IX
Se é possível adiar
pra que, então, toda essa pressa?
O acabar pode acabar
já no instante em que começa.

 

X
A saudade incomoda,
parece nunca ter fim.
Muda o dia, gira a roda
mas não traz você pra mim.

 

XI
Saudade, doce lembrança,
que dói, remói mas não mata.
No olhar vive a esperança,
da partida resta a data.

 

XII
Luar de prata e palor
incita beijos, carícias.
Para os arroubos de amor
é cenário de delícias!

 

XIII
Ciúme chega e bate forte,
coração tem desespero,
ao perceber o consorte
com olhos noutro tempero!

 

XIV
Ele a mantém em segredo,
dela não podem saber.
Ela chora seu degredo,
Amar mas não poder ser.

 

XV
Reunidas na mesma sala
co'elegância, em sonatina,
eis que a beleza nos cala:
são trovinhas da Celina.*



* [a admirável poeta e amiga Celina Figueiredo, a quem dedico esta publicação, digna representante de todos os poetas com quem já trovei. Beijos a todos!]

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 24/08/2012
Reeditado em 15/02/2014
Código do texto: T3847387
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