TROVAS! NÃO MINHAS

Vai subindo lentamente

Só assim serás alguém

Pois quem sobe de repente

Raramente sobe bem,

Nas tuas horas mais tristes

De mágoas e desenganos,

Pensa que já não existes,

Que morreste há muitos anos

Contigo em contradição,

Pode estar um grande amigo;

Duvide mais dos que estão

Sempre de acordo contigo.

Vejo a arte definida

Na forma de descrever

O bem ou o mal que a vida

Nos faz gozar ou sofrer.

Ñão és mas queres parecer.

Um santinho no altar;

Mostra ao mundo sem querer,

O que pretendes tapar.

Tu és fonte de água clara

Que deixa ver a nascente,

Porque me mostras, na cara

O que o teu coração sente.

Gosto do preto no branco,

Como costumam dizer:

Antes perder por ser franco

Do que ganhar por não ser.

So quando a hipocrisia

Cair do seu pedestal

Nascerá, dia após dia,

Um sol p´ra todos igual.

É tão engraçada a vida

Sem que a gente a veja assim

Volta ao ponto de partida

Quando está perto do fim.

Goza mais um desgraçado

Num dia de felicidade

Do que qualquer abastado

Gozando uma eternidade.

Há tão pouca coisa boa

Tanta má por boa escrita,

Que quando o bem se apregoa

Quase ninguém acredita.

Talvez paz no mundo houvesse,

embora tal não pareça,

se o coração não estivesse

tão distante da cabeça.

Que o mundo está mal,dizemos,

e vai de mal a pior;

e,afinal nada fazemos

p´ra que ele seja melhor.

António Aleixo
Enviado por J R em 02/05/2012
Reeditado em 08/06/2023
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