Sou o surrado moletom.
Sou o grito da coruja
Na madrugada sem lua
A enxurrada de agua suja
O desnivel da tua rua.
Eu sou o salto catorze
Da tua sandália prata
Sou um sino de bronze
A lembrança que maltrata.
Sou o teu vestido verde
Um bracelete de madeira
Um bem-te-vi com sede
O vento forte na paineira.
Sou o surrado moletom
A tua roupa de academia
Sou o brilho claro do batom
A tabua de carne na tua pia.
Sou o mel do teu olhar
O desalinho do teu cabelo
A clara noite de luar
Sou um ardoroso apelo.