OITO TROVAS
Eu trago dentro do peito
A triste dor da saudade!
Porém, estou bem afeito
À torva e má realidade!
Saudade é chama pungente,
Tédio, pranto, amargor,
É o emblema de toda gente
Presa nas malhas do amor.
Duas estrelas os seus olhos
Iluminando a amplidão
Para compensar os abrolhos
Que os trago em meu coração!
Quando eu só for um borrão,
Em sacrossantos desvelos,
Hás de enlutar meu caixão
Com os teus negros cabelos!
Nunca alteres tua voz
E nem ofendas em vão...
Esse papel é feroz,
Próprio da hiena e do cão.
Não ponha lume à fogueira
Do homem que cai cruciado.
“Só atire a pedra primeira.
Quem estiver sem pecado”.
A vida é um jogo de bola
Sem regra e sem diretriz,
Onde a falta canta e rola,
Sem apito e sem juiz.
Deixa-me só, a chorar
Tristes ais da solidão...
Algum dia hás de voltar
Para suster meu caixão.
Salé, novembro de 1998 Lucas